Nau da Bonança – Parte 1 – A Génese

A Génese da Nau Bonança

 

Sua Majestade, El Rei Dom Eduardo II – O Profeta, meses antes da génese da Bonança, decidira mandar duas esquadra de Naus e Caravelas para os Mares do Sudoeste e do Nordeste, no intuito de desbravar novos territórios como forma de expandir o seu território e de espalhar a palavra da sua Nação, por Terras de d’aquém e d’além mar. Fora no cais da ribeira das Naus, defronte para o Palacete do Paço Real que partiram essas duas esquadras, com mais de mil homens sob a alçada dos do melhores Capitães de Esquadra que existiam, por aquela altura, em todo o reino.

A partida destes homens foi dada com toda a pompa e circunstância, contando mesmo a presença de Sua Majestade, contudo, vários dos homens que embarcavam, afirmavam que uma das Naus estava amaldiçoada e que já não regressaria àquele porto. Julgava-se que tudo não passava apenas de uma premonição, de entre tantas outras que se originavam por aquelas alturas. Há medida que as Naus e Caravelas levantavam as âncoras, as lágrimas, do tão típico sentimento daquele saudoso povo, da Saudade essas já iam enchendo o leito daquele que seria uma das maravilhas naturais, cuja as nossas mentes hoje já mais conseguirão imaginar, sem as edificações massivas de ambos os lados das suas margens, apesar de ainda hoje ter uma beleza tão característica, onde já mais haverão palavras para o descrever.

As esquadras saíram do porto em direcção ao Alto Mar, e à medida que o tempo esse ia passando, as gentes iam dispersando daquele local, nada mais restava agora a fazer a não ser esperar, por noticias breves, que demorariam anos a serem recebidas, muitas delas trazidas por mensageiros régios, e quanto ao Povo, quando lá aparecia um Fidalgo para comunicar algo, já se saberia de antemão que algo de muito errado se fazia passar naqueles tempos, sinal de que quem partira já não regressara a qualquer um dos portos do Reino.

Repentinamente passaram-se cinco anos, e uma das esquadras regressara e atracara de novo na Ribeira da Naus, já só com meia esquadrilha e com pouco mais de um terço dos homens que haviam partido, alguns porque tiveram o azar de morrer durante a viagem, outros tendo ficado a espalhar a palavra dessa Nação em territórios do Novo Império. Esta tal esquadrilha que voltara fora a que partira ruma aos Mares do Sul. Soubera-se no Reino que a esquadra que partira rumo a Norte, fora atingida pela tal dito mal presságio. El Rei, aconselhado pelos seus conselheiros e fidalgos, decidira-se por esperar mais trezentos e sessenta nasceres e pores-do-sol. Assim ordenara, assim se cumpririam tais instruções reais.

A impressa da Capital, começara a levantar questões quanto há não chegada da outra Esquadra, muito se comentava nos seios da alta e fidalga sociedade da época, mas a palavra D’el Rei era inquestionável. Volvidos os trezentos e sessenta nasceres e pores-do-sol e nem sinal da Esquadra, e a imprensa continuava a escrutinar tinta páginas a fora; estava na altura de Sua Alteza Real tomar medidas.

Com as devidas diligências El Rei, decide chamar ao Paço com a maior das brevidades e urgência, o Conde Domingues, um dos maiores especialistas do estado da arte naval e conhecedor exímio da arte do bem navegar e velejar. Simultaneamente por ordem D’el Rei é construída uma Nau, que se presumia invencível, tendo este dado como tempo de construção, a data mais breve que fosse passível de ser realizada tal magnanime obra. Decorridos dois dias de viagem Sua Graça o Conde Domingues, apresenta-se diante de Sua Alteza Real para uma reunião de alto nível, reunião essa onde se discutiu quais seriam as hipóteses de se partir em busca da Esquadra perdida, seria a primeira Missão de Resgate na Vida do Reino, que viria a salvar a reputação do reinado. O Conde explica que será deveras complicado completar tal missão, mas com a graça de Deus e com a sorte que protege os audazes, talvez fosse possível; de imediato lhe fora conferida a missão de resgatar a esquadra perdida, faria ali seis anos, teria há sua disposição todos os recursos da Marinha para o que fosse necessário. A par de lhe ter incumbido a responsabilidade da missão ainda promovera o Conde a Duque, pelos feitos e pelas responsabilidades assumidas para com a pátria, a partir de tal momento o Conde seria Duque do Mar e das Tormentas, Sua Graça o Duque Domingues.

Volvidos alguns meses, a Nau mandada erigir por El Rei estava pronta e já no porto, pronta para zarpar. Depois de cuidadosamente estudado o que se iria realizar e antes de Sua Graça o Duque subir a bordo havia que baptizar a nave com um nome, uma das pessoas do Povo gritara “Bonança”, e tendo El Rei e o Duque aceite o nome desse anónimo, ficou a Nau baptizada de Bonança.

Com urgência e com os ventos de Sudeste, Bonança zarpara a toda a Vela do porto rumo a Alto Mar em busca da Esquadra desaparecida.

Fim da 1ª Parte

Este texto constitui-se como um inédito e não um acontecimento com validade histórica, nem relata qualquer acontecimento com relevância na História de Portugal ou de qualquer outro país. Por favor considere que todas as semelhanças com algum caso real serão mera coincidência factual, sendo esta uma obra ficcional inspirada na sociedade moderna, mas não em casos reais.