As palavras que me petrificam

Outrora, houveram tempos em que tudo era pura e simplesmente mais fácil dizer o quanto me ia na alma. Refugiava-me d’entre plumas, tintas e fólios, e ali pelo meio tudo ficava resolvido; um amontoado de escritos que, todavia, ainda Hoje residem num lugar, onde apenas o seu autor sabe o seu sítio; alguns desses tiveram a sorte de seguir o seu rumo, e com a pura “magia” dos correios chegaram aos seus destinatários; e, apenas e só uma ínfima réstia deles chegaram aos destinatários em mãos próprias.

Este podia ser muito bem ser, mais um desses papeis avulsos guardados num particular sitio, mas não o será, a este caber-lhe-á atravessar o Oceano e espalhar aos quatro ventos a sua missão, e nos ventos colaterais florescer aquilo que a mim mais de importa; um simples e belo sorriso, que não terei como o ver, mas terei como o sentir, e isso a mim bastar-me-á sempre.

Quero que se saiba aos magotes o quanto me encanta ver-te sorrir …

Quando por diante de mim estás, numa separação física menor que uma escassa centena de centímetros (mas, no espaço apenas visível pela minha mente, parece que estou diante da fortificação do Muro de Berlim), tens o poder de me fazer abstrair de tudo o que nos rodeia, de todos os problemas e soluções da Vida que é a rotina do quotidiano; esse teu sorriso, que tantas vezes escondes, tem algo de surpreendente, tem algo que não te consigo explicar, porque faz transparecer a felicidade que aqueles nossos momentos te aportam. E é essa felicidade, no seu sentido mais puro, que eu quero que resida em ti, e entre nós.

Aqueles momentos, aqueles nossos momentos, fazem os relógios andarem tão depressa, que nem damos conta de ver os segundos a passar, mesmo sabendo que para o relógio um minuto será sempre um minuto, composto por sessenta segundos, a nossa percepção é que será sempre distinta.

Quando, naqueles instantes, os meus olhos se fixam no teu rosto, e as minhas cordas vocais se silenciam é o sinal que, tu já bem sabes, a mente está num completo turbilhão de ideias e de coisas que ter quer dizer, mas aquele pequeno soldado que vive dentro de mim está diante do topo de Muro e petrificou de medo ao saber que pode ser abatido naquela travessia de 20 metros entre os lados; e é aqui que tento provocar em ti um sorriso com uma parvoíce qualquer. Apenas e só depois de já não estar junto a ti é que consigo tentar perceber o porquê, do pequeno soldado, não conseguir atravessar o campo minado. Este mesmo pequeno ser que reside em mim, e que eu lhe chamo o pequeno soldado, será sempre um “soldadinho de chumbo” porque é ele que, no curso do Vida, tem tido a coragem para que eu avance rumo ao desconhecido e, no fundo, em certos caminhos me tem feito feliz. Contudo, nem tudo é um mar de rosas floridas, tempos houve em que fomos nós puras marionetas e atravessamos as linhas inimigas num puro encantamento e, quando percebemos, já era tarde demais para parar sem receber estilhaços das minas que pisamos, mesmo não chegando a pisar as linhas vermelhas invisíveis do inimigo. E por isso, Hoje, este pequeno soldado petrifica de medo, no auge da emoção e da racionalidade, onde fará sentido que ele atravesse o campo minado para te entregar a mensagem.

Mas já mais poderás, tu, ser o alvo colateral de todas estas histórias que lá por trás residem, e que temos nós, eu e os meus eu’s, que esquecer que tal passado foi trilhado, num mero exorcismo dos fantasmas residuais; porque, tu, és alguém muito especial que não merece tal situação e, nem por certo, nem já mais terei, eu, o direito de provocar em ti tudo aquilo que não seja o mais ínfimo aspecto que, não positivo.

Recordo-me, como se estivesse a acontecer neste instante, o momento em que num mero movimento de braços, naquele majestoso e tranquilo jardim, te dei aquele toque carinhoso no teu ombro direito, num gesto de puro conforto; ali mesmo, enquanto expressava palavras numa conversa corriqueira sobre os nossos dias a dias, o tal soldado travava uma batalha fictícia  para conseguir colocar todos os dilemas e os problemas que a mente despertava e criava, a cada solução encontrada uma nova rota de “se’s”, se for assim acaba assim, se for por ali acabará ali; toda uma batalha invisível, mas potenciada ao extremo pelos fantasmas do passado. Aquele toque foi algo puramente mágico, que abriu a licença de te poder tocar e ao de leve acariciar-te de uma outra forma que não as palavras. Podem ser gestos tão simples, mas estão tão carregados de significado, que não te consigo expressar, apenas sei, porque assim interpreto, que tu os sentes e percebes o que querem dizer.

Todavia tenho inseguranças, e muitas vezes estas inseguranças convertem-se em medo, e com o medo, perco a coragem de te os dar ou oferecer nas mais diversas formas. Por vezes encosto as minhas pernas nas tuas, porque os braços estão tão tensos que não conseguem fazer com que as minhas mãos se aproximem das tuas para simplesmente, num gesto discreto sentir o toque da tua pele. Nada precisa de ser explicito na sua forma mais pública, coisas tão simples como um sorriso, uma palavra certa no momento certo, uma expressão do olhar de determinada maneira, dirão mais, muito mais, que todas estas palavras vãs que aqui escrevo, para ti, aquele alguém que apenas eu sei quem é e, que no contraponto também só tu saberás para quem são todas estas linhas, que só de pensar me petrificam quando estou diante dos teus olhos e dos teus sorrisos.

Caminhamos passo por passo, caminhamos pelas rotas do silêncio, caminhamos num compasso entre o Lento e o Adagio, mas quando estamos juntos a máquina, a minha máquina foge para um compasso Prestissimo mas prazeroso, muito prazeroso; e o maior ensinamento que tenho teu até ao momento, é isto mesmo, aproveitar os silêncios, que por vezes a Vida nos dá, e aproveitar os momentos lentos da Vida, com um passo na marca certa e devagar, porque estes passos lentos, nos seus pequenos momentos, têm mais sabor e algo mais para aproveitar que não apenas e só o espaço-tempo e a memória daqueles instantes, que numa Vida recheada não passam de isso mesmo, instantes, mas se forem lentos e prolongados serão algo mais que isso.

Perguntar-me-ás se estou …

… apaixonado? Simplesmente poderia responder-te apenas com um “Sim”, mas já me conheces, não sou de poucas palavras, não sou de sínteses.

Apaixonado, só apaixonado, não estou porque, por ti nutro outro sentimento, algo mais forte, tenho um amor que transcende a amizade aliado a um carinho que sabes que tenho por ti.

Simplesmente, se estivesse apenas e só apaixonado, seria egoísta e pensaria maioritariamente em mim, eu como o cerne de toda a questão; mas sabes bem que isto, aquilo que nós temos, não é isto que aqui expresso. A par de pensar em Nós, na relação que temos, penso também em ti, no teu bem estar, na tua felicidade, no teu sorriso e em tudo o resto, que apenas nós sabemos. É tudo um pouco diferente do que por agora se faz; não é ser complicado ou complexo, é ser diferente e preservar algo que com o tempo se foi perdendo; porque no fim de todas as contas quero acreditar que esta forma de amar o próximo ainda é digna de nota e, ainda, é algo que traz um certo charme e prazer à Vida, ás nossas Vidas.

Não preciso de falar no quanto os nossos abraços têm um significado muito especial, que apenas e só nós sabemos o que querem dizer, pois não ?

Hoje no plano físico apenas temos uma coisa que nos une; abre as janelas, olha para o céu estrelado e a Sul verás o satélite máximo que nos ilumina as nossas Vidas quando estamos do lado das trevas, a Lua, três graus a sudeste e seis graus a baixo, verás Júpiter, o pai de Marte (Deus da guerra), acreditavam os Romanos ser o Deus do Dia e do Trovão, mas à semelhança de Zeus no Olimpo, Júpiter era o Rei dos Deuses, terá isto algum significado? Tudo pode ter um significado, quando lho damos, mas hoje, o único significado que terá é que serão estas as “estrelas” que ao luar, farão que estejamos unidos em algo, que não um monitor qualquer para podermos comunicar.

Assim Hoje aos quatro ventos, estas palavras aqui espelhadas dirão o quanto gosto de ti, e o quanto tu és especial para mim; mesmo tendo o “soldadinho de chumbo” todos os medos que estarão presentes do agora em diante.

PS – Espero que voltes, porque terei saudades, mais do que aquelas que tenho, se não voltares 😉